sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reticências...

Como o amor pode viajar além das alturas e das fraudes que ele mesmo se forja ser?
virando seus olhos para mim em desaprovação
como se eu fosse um cão malcriado e não entendesse a sua língua
e desligasse a luz da vida de um homem
sou mais um filho da sua causa perdida
é que nessa hora eu me emendo
e me esqueço do vício de cuspir pedras incandescentes
e andar burilando para trás
chorando pelos diamantes quebrados
perdidos pelo caminho
dessa busca inútil de fazer do passado o que realmente deveria ter sido
ainda que isso pareça cinzas em cima das cinzas de um vulcão morto
onde os fósseis dos animais extintos expõem suas carcaças
e não me importa que todos os tesouros tenham virado pó
olho para uma outra direção
o mar sempre muda
os barcos virados embalados
pela calmaria das águas que ocultam o delito dos ventos
há uma margem alheia que me força chegar
dispenso futuras correções
e uma luz dura revela algo nítido
parece ser uma cola para seu órgão partido
e eu sinto vontade de por em exposição
a metade desgarrada do meu rosto que ficou defeituosa

Francielli Brasil

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