sábado, 30 de abril de 2011

Você vai ver.






No brilho da lua

Na grama verde da chegada

Em cada estrela cintilada; lá estarei eu.



Na nota triste tocada

Na lágrima caída sem motivo

Nos olhos brilhantes da esperança findada;

No sorriso singelo de quem não tem nada

Na casinha simples abandonada

Debaixo daquela árvore já desfolhada; lá estarei eu



Caminhando sobre as folhas secas da estação

Escorrendo de minha alma o orvalho doce dos lírios em botão

De vestes brancas, mal vestida; perdida;



Estarei em cada despedida

Em cada dor sentida

No rosto triste de um estranho a caminhar

Em cada sino que tocar.



Estarei eu, para sempre

Guardada naquela caixinha onde eu me coloquei

Relembrando sonhos e dores que já passei

Sem esperança de ninguém chegar.



Sonhos é a prova de que uma pessoa está viva

Mas os meus foram sendo assassinados

Consecutivamente, frequentemente

Mas mesmo assim, eu não morri



Estarei viva em cada lágrima caída

Desvirtuando pensamentos

E descontrolando sentimentos

De quem não acreditou em meu sofrimento.



Serei a última nota da sinfonia

O desespero de não poder me encontrar e nem me ouvir

A ânsia de não me tocar

A lágrima de não poder retornar, ao lugar desejado, à pessoa amada.

E a vontade de sentir tudo isso, mas ao mesmo tempo não sentir nada.



Sem arrependimentos, mas com muita dor

Os deixo. O passado já foi o bastante pra me convencer

Que o meu lugar não é aqui, entre todos, porém

Sozinha.



O consumismo nos induz a um estado de insatisfação permanente, que aplaude o digital e o descartável e abomina tudo o que é eterno e trabalhoso. Talvez seja por isso que a idéia de amar assuste tanto, a concepção de um sentimento duradouro e complicado contraria os valores vigentes, tornando-nos confusos e vulneráveis.